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POR QUE TCC - Terapia Cognitivo Comportamental

Data

outubro de 2025

Local

São Paulo

Diferentemente das demais formas de terapia a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) não se centra na análise de estruturas mentais específicas ou nos mecanismos de defesa que atuam no bloqueio dos pensamentos conscientes. Seu objetivo precípuo é ensinar os pacientes a que eles mesmos consigam pensar sobre seus pensamentos, possibilitando que aprendam a trazê-los à consciência, examinando-os e, quando necessário, modificando-os em seu contexto. Além disso, a TCC não presume que os problemas psicológicos dos pacientes derivem apenas dos conflitos não resolvidos do passado com figuras de apego, adotando uma abordagem exploratória e científica para melhor compreender o sofrimento humano. Seu foco de atuação está localizado no “aqui e agora”, quando são considerados os eventos atuais da vida do paciente, suas resistências e estratégias de enfrentamento e os acontecimentos que possam ter contribuído para seus problemas atuais. Embora o entendimento sobre o início do problema possa ser elemento relevante, essa informação não será a parte crucial para o tratamento, o que absolutamente não significa que se deva desconsiderar o passado do paciente. Pelo contrário, sua relevância é reconhecida, uma vez que nele estão os fundamentos que geraram crenças nucleares e disfuncionais, contudo vistas sob outra ótica. Na prática a TCC possui uma ampla base de evidências voltadas para questões de saúde mental e no trabalho terapêutico realizam-se diferentes intervenções, utilizando estratégias cognitivas, emocionais e comportamentais. Trabalhando com o mapa mental de funcionamento do paciente, no qual se destacam os gatilhos que desafiam o paciente. ela se caracteriza pela versatilidade, o que a torna aplicável em diversos contextos, desde tratamentos de pessoas com transtornos mentais até a melhoria em questões de desempenho, autoestima, dentre outras. A abordagem se apresenta como uma terapêutica comprometida com a inovação e com o aprimoramento e se evidencia como tratamento de escolha para diversos problemas de saúde mental, reforçando seu papel como uma abordagem valiosa para o cenário da saúde mental da atualidade. Vale ressaltar que na TCC se valoriza amplamente a participação ativa do paciente, no qual ele é visto como um agente ativo capaz de mudar o seu comportamento e não como um sujeito passivo, sempre a partir do emprego de uma relação terapêutica empática e colaborativa com foco no presente e no futuro voltada para a ação e para o que é mais significativo no momento para o paciente. O trabalho terapêutico da TCC visa obter resultados concretos, proporcionando estratégias de enfrentamento para lidar com os desafios apresentados pelos pacientes e aspira que progressivamente eles se tornem entes mais autônomos, proativos e independentes, capazes de explorar seus pontos fortes e que se tornem o seu próprio terapeuta esquivando-se dos pontos fracos. Todavia não é incomum que seu emprego gere opiniões divergentes entre os profissionais de saúde mental pois enquanto alguns olham com entusiasmo sua eficácia outros mantêm uma perspectiva cética, considerando-a uma abordagem simplista e incapaz de abordar as questões “profundas” dos pacientes. No entanto, o que se observa na atualidade é que a TCC tem evoluído seu campo de conhecimento colocando-se como uma terapia amplamente recomendada e praticada em diversos cenários.
BREVE HISTÓRICO
A TCC tem origem nos princípios do behaviorismo - do inglês behavior que significa comportamento - quando Ivan Pavlov identificou o condicionamento clássico como base fundamental para a terapia comportamental. Em paralelo B.F. Skinner desenvolveu o conceito de condicionamento operante introduzindo técnicas de reforço e modelagem comportamental, destacando o papel das consequências (reforço e punição) na aprendizagem e na modificação dos comportamentos enquanto Joseph Wolpe propôs a dessensibilização sistemática como alternativa para modificar comportamentos. Em conjunto, tais técnicas estabeleceram os fundamentos da teoria comportamental destacando a importância das intervenções mensuráveis e empiricamente testáveis focando em comportamentos e respostas aprendidas. Todavia o emprego do modelo estritamente comportamental sofreu críticas por ser demasiadamente mecanicista, por não considerar a subjetividade e não considerar processos cognitivos internos que pareciam ser essenciais para entender e tratar problemas clínicos mais complexos. Contudo, quando teóricos da psicologia passaram a analisar questões tais como a percepção, a memória e o pensamento, considerou-se apropriado levar a incorporação desses elementos nos processos cognitivos da psicoterapia. Em paralelo, desenvolveu-se a visão que crenças irracionais possuíam influência no sofrimento emocional e se percebeu que pensamentos automáticos e crenças disfuncionais eram centrais para a questão, o que levou à integração dos aspectos cognitivos no modelo comportamental. Dessa forma, esse conjunto de ideias superou as principais críticas ao comportamentalismo e conduziu à criação de uma forma de terapia orientada para o presente, estruturada e focada na modificação dos pensamentos e comportamentos disfuncionais para o tratamento dos transtornos psicológicos denominada TCC - terapia cognitivo comportamental, um nome composto por tratar concomitantemente esses dois aspectos.

PREMISSAS
A terapia cognitivo comportamental surgiu nos Estados Unidos na década de 1960 a partir dos estudos do psiquiatra Aaron Beck, que buscava comprovar que na visão psicanalítica a depressão seria uma raiva voltada para dentro. Todavia, ao trabalhar com seus pacientes ele entendeu que a raiva tendia a ser uma questão de pensamentos disfuncionais provocados por distorções cognitivas e pensamentos automáticos. Ao elaborar essa linha de pensamento percebeu que os pensamentos automáticos e as crenças disfuncionais mantinham e até agravavam a depressão e que o tratamento deveria se orientar para a modificação das cognições, indo para além dos sintomas. Com base nessa visão mudou-se o foco da psicoterapia apenas baseada na análise das forças do inconsciente para trabalhar também com os processos conscientes, tornando o processo mais prático e orientado para os problemas atuais dos clientes. Partindo do modelo comportamental tradicional evoluiu-se para incorporar a ele os processos cognitivos formulando uma linha teórica focada no entendimento dos pensamentos e crenças dos indivíduos, sobre o mundo e sobre o futuro e sobre como poderia se dar a mudança da cognição para mudar os comportamentos indesejados. Essa visão alterou o foco da psicoterapia tradicional que trabalha mais com os sintomas e com a análise profunda do passado, voltando-se para a solução dos problemas atuais, propondo uma terapia mais estruturada ao invés da interpretação dos desejos inconscientes que se procura obter na psicanálise. É importante observar que a TCC também influenciou o desenvolvimento da psicoterapia ao nela introduzir uma abordagem científica e empírica focada nos comportamentos observáveis e mensuráveis, rompendo com a hegemonia da psicanálise tradicional. Sua adoção oferece um modelo empírico e acessível, capaz de reverter padrões inadequados de percepção da realidade pelos indivíduos. Como um todo o processo tem lastro nos níveis básicos do processamento cognitivo, a saber: Crenças nucleares: nível mais profundo da estrutura cognitiva que trata de ideias generalizadas do indivíduo sobre si mesmo normalmente geradas na infância; Pensamentos automáticos: pensamentos espontâneos que influenciam emoções e comportamentos que podem ser verbais ou lampejos mentais; Crenças intermediárias: regras ou atitudes que dão suporte aos pensamentos automáticos; Em decorrência desenvolveu-se um modelo estruturado baseado nos seguintes pilares: Situação: evento enfrentado pela pessoa; Pensamentos automáticos: pensamentos espontâneos que respondem às situações; Emoções: sentimentos gerados a partir dos pensamentos; Comportamentos: ações ou reações baseadas nos pensamentos e emoções; Consequências: resultados das ações ou reações. Tal terapêutica se mostrou eficaz em comparação com os tratamentos farmacológicos e se expandiu para muitas formas de transtornos psicológicos. Em resumo, a TCC é constituída como uma terapia estruturada, fundamentalmente orientada para o presente que busca modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais para melhorar a saúde mental dos pacientes e sua postura frente à vida, sendo na atualidade uma das abordagens mais estudadas e utilizadas

DIFERENÇAS ENTRE A PSICANÁLISE E A TCC
Ainda que a psicanálise e a TCC busquem meios para minorar o sofrimento dos pacientes, a forma de obtenção de resultados de uma e de outra se diferencia por diversos aspectos. Se a psicanálise busca trazer à consciência conteúdos inconscientes explorando a origem dos conflitos emocionais muitas vezes relacionados a traumas e experiências da infância, a TCC traz à luz pensamentos, sentimentos e comportamentos conscientes do presente, visando, em consequência, modificar padrões disfuncionais para aliviar os sintomas mais imediatos. Por seu lado, a psicanálise visa obter uma transformação profunda da personalidade e uma maior autoconsciência ao longo de um processo prolongado, na qual mergulha no inconsciente para tentar compreender as raízes dos conflitos psicológicos. Em decorrência, ao explorar os conteúdos inconscientes ela pode levar a uma transformação mais abrangente da personalidade, oferecendo uma visão mais completa dos motivos que influenciam a vida emocional do indivíduo. Em consequência, ela tende a proporcionar mudanças mais duradouras. Em resumo, é uma opção indicada para quem busca uma compreensão profunda de si mesmo e uma transformação psicológica ampla. Por outro lado, enquanto a psicanálise costuma ser um processo de longo prazo, com sessões frequentes e menos estruturadas, a TCC procura aliviar o sofrimento presente e tem seu foco voltado para a obtenção de resultados práticos e específicos no menor tempo possível, além de melhorar objetivamente a funcionalidade do paciente. Ademais, se na psicanálise o terapeuta é um sujeito mais interpretativo e menos diretivo ao estimular a livre associação e a análise dos conteúdos inconscientes, na TCC o terapeuta é um agente ativo e colaborativo, na medida que orienta o paciente no desenvolvimento de habilidades e estratégias para lidar com seus problemas. Esse leque de características distintas implica que a escolha entre uma ou uma alternativa depende do perfil do paciente, da natureza do problema e do objetivo terapêutico.

BENEFÍCIOS DA TCC
A TCC coloca como uma técnica de eficácia comprovada no tratamento de transtornos mentais através de uma abordagem estruturada orientada para o presente. Por trabalhar com ferramentas concretas para identificar e modificar pensamentos disfuncionais e comportamentos negativos promove uma visão mais realista e positiva de como o paciente se coloca na vida. Seu principal benefício inclui a consideração que se trata de um tratamento aplicável a diversos transtornos mentais e que apresenta eficácia comprovada através de ferramentas concretas que permitem identificar e modificar pensamentos disfuncionais e comportamentos negativos. Não menos importante é o aumento da capacidade de autogerenciamento emocional que possibilita, a partir de uma estrutura colaborativa focada em metas, permitir ao indivíduo avaliar seu progresso de forma mensurável, além da manutenção da motivação durante o tratamento e após. Agindo de maneira objetiva constitui-se em um processo relativamente breve, que traz resultados significativos quando comparado com outras terapias. Por último, vale mencionar que a TCC possibilita que seu uso seja empregado com flexibilidade e adaptabilidade, podendo ser aplicada em diferentes formatos e para diversos públicos. Considera-se que a TCC seja eficaz no tratamento de diversos transtornos mentais, destacando-se os seguintes:
• Transtornos de ansiedade, incluindo transtornos de ansiedade generalizada, transtornos do pânico e fobias específicas
• Transtorno obsessivo compulsivo Re com técnicas específicas como exposição e prevenção de respostas
• Transtornos depressivos como depressão maior, distimia e transtorno bipolar
• Transtorno do estresse pós-traumático ajudando no processamento e ressignificação de traumas
• Transtornos alimentares como a anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar auxiliando no controle dos impulsos e na reeducação alimentar
• Transtornos de personalidade, incluindo as personalidades borderline. antissociais, paranoides e esquizoides
• Além dos casos citados acima também pode se incluir no rol de aplicação o tratamento da insônia problemas de abuso de substâncias, o controle de impulsos variados e dificuldades interpessoais.
Especificamente no que se concerne os transtornos de ansiedade podemos enumerar efetiva cobertura para as seguintes situações:
• Transtorno de ansiedade generalizada. (TAG) Que envolve a preocupação excessiva e de difícil controle sobre vários aspectos
• Transtorno do pânico, que é caracterizado por ataques súbitos e intensos de medo
• Fobias, que são medos irracionais e excessivos de objetos ou de situações específicas. Igualmente aplica-se à fobia social que envolve o medo intenso de situações sociais e de avaliações negativas

ESQUEMAS INICIAIS DISFUNCIONAIS

Como extensão da teoria cognitivo comportamental básica recentemente surgiu a teoria dos esquemas da qual um dos principais representantes é Jeffrey Young. Dentre outras terapias trata-se do que se convencionou chamar de terceira onda da TCC quando se abordam necessidades não satisfeitas através de esquemas desadaptativos, que são estruturas emocionais e cognitivas formadas na infância que moldaram a personalidade e influenciam comportamentos e pensamentos na vida adulta. Sua origem tem a ver com a visão de que a terapia cognitivo comportamental se mostrou suficiente para o tratamento da ansiedade e depressão, mas insuficiente para os demais transtornos de personalidade. Os esquemas propostos pela teoria são os seguintes:
• Abandono: Os outros com quem se pode relacionar são instáveis e há fragilidade nas relações. Trazem a sensação de abandono, falta de pertencimento e desconfiança (expectativa de que os outros irão abandonar, machucar, enganar, mentir ou aproveitar-se). Pode incluir a sensação de isolamento e de que sempre se acaba sendo enganado.
• Privação: Expectativa de que o apoio emocional desejado não será satisfeito pelos outros. As três formas mais importantes são: a) privação de cuidados: ausência de atenção, afeto, carinho ou companheirismo; b) privação de empatia: ausência de compreensão, escuta e compartilhamento de sentimentos e c) privação de proteção: ausência de força, direção ou orientação por parte de outros.
• Vergonha: Sentimento de que se é falho, mau, indesejado, inferior ou não merecedor do amor ou atenção de pessoas importantes. Apresenta hipersensibilidade à crítica e receio de rejeição.
• Incompetência: Incapacidade de dar conta das responsabilidades cotidianas de forma competente sem ajuda alheia para cuidar de si, resolver problemas do dia a dia, exercer a capacidade de discernimento, cumprir novas tarefas e tomar decisões adequada. Com frequência apresenta-se como desamparo.
• Vulnerabilidade: Medo de catástrofes, danos ou doenças iminentes que ocorrerão a qualquer momento e de que não há como impedi-las. Geralmente se apresenta o medo de acidentes e desastres naturais, problemas de saúde, emocionais ou causas externas.
• Emaranhamento: Envolvimento emocional e intimidade em excesso com uma ou mais pessoas importantes (com frequência, os pais), dificultando a individuação integral e desenvolvimento social normal.
• Grandiosidade ou megalomania: Crença de que se é superior às outras pessoas, de que essas têm direitos e privilégios especiais ou não estão sujeitas às regras da interação social normal. Envolve a insistência de que se deveria poder fazer tudo o que se queira. Às vezes inclui a arrogância, competitividade excessiva ou dominação em relação a outros.
• Autocontrole: Dificuldade ou recusa de exercer autocontrole e tolerância à frustração com relação aos próprios objetivos ou a limitar a expressão excessiva das próprias emoções e impulsos.
• Subjugação: Submissão ao controle dos outros por sentir-se coagido, submetendo-se para evitar a raiva, a retaliação e o abandono. Suas principais formas são: supressão das necessidades e das emoções.
• Sacrifício: Foco no cumprimento voluntário das necessidades dos outros em situações cotidianas à custa da própria gratificação. As razões mais comuns são não causar sofrimento a outros, evitar culpa por se sentir egoísta, ou manter a conexão com terceiros percebidos como frágeis ou doentes.
• Reconhecimento: Ênfase na obtenção de aprovação, reconhecimento ou atenção de outras pessoas, ou no próprio enquadramento à custa do desenvolvimento de uma noção de identidade segura. Com frequência, resulta em importantes decisões não-autênticas nem satisfatórias, ou em hipersensibilidade à rejeição.
• Negativismo: Foco nos aspectos negativos (sofrimento, morte, perda, decepção, conflito, culpa, ressentimento, problemas não resolvidos, erros potenciais, traição, algo que pode dar errado etc.) enquanto se minimizam ou negligenciam os aspectos positivos ou otimistas.
• Inibição: negativismo excessivo da ação, dos sentimentos ou da comunicação espontâneos. Em geral, ocorre para evitar a desaprovação alheia, sentimentos de vergonha ou de perda de controle dos próprios impulsos.
• Inflexibilidade: Crença de que se deve fazer um grande esforço para atingir elevados padrões de comportamento e desempenho para evitar críticas. Costuma resultar em sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si e a outros. Envolve prejuízo do prazer, do relaxamento, da saúde, da autoestima, da sensação de realização ou de relacionamentos satisfatórios.
• Punição: Crença de que as pessoas devem ser punidas com severidade quando cometem erros. Envolve a tendência a estar com raiva e a ser intolerante, punitivo e impaciente com aqueles (incluindo a si próprio) que não correspondem às suas expectativas ou padrões.
• Fracasso: Crença de que fracassou, de que fracassará inevitavelmente ou de que é inadequado em relação aos colegas em conquistas (escola, trabalho, esportes etc.).
Assim como as outras abordagens a teoria dos esquemas pode ser objeto de críticas na medida que a ela se atribui rigidez nos protocolos propostos, dificuldade de engajamento dos pacientes, resistência à mudança, busca da validação por parte dos pacientes e maior complexidade no processo de avaliação o que determina um tempo mais prolongado de tratamento.

DESAFIOS DAS TERAPIAS COGNITIVO COMPORTAMENTAIS
Como ocorre em qualquer processo de mudança os tratamentos estão sujeitos ao engajamento e à motivação dos pacientes. Contudo a adesão pode ser dificultada quando os ganhos da manutenção dos problemas são maiores que os ganhos da mudança, além da necessidade de manter os pacientes e familiares motivados durante todo o processo. Ao mesmo tempo, exige-se certo grau de personalização das técnicas para cada paciente, considerando sua história de vida, seu contexto social e a complexidade dos transtornos que apresenta. As primeiras ondas da TCC foram criticadas por focar demais em comportamentos observáveis ou cognições, negligenciando as emoções e seus aspectos subjetivos, o que limitava sua eficácia em casos complexos. Em seu processo evolutivo a segunda onda concedeu foco excessivo na cognição dando pouca atenção às emoções e comportamentos. As abordagens no que se chamou de terceira onda, com a utilização de técnicas como o mindfulness, a Terapia da Aceitação e a Terapia dos Esquemas exigem treinamentos específicos que podem ser mais difíceis de serem aplicados corretamente, além do risco de banalização dos conceitos. Além de tais desafios há que se considerar que em contextos de tratamento à distância, apresentam-se também os desafios específicos do mundo virtual. Em resumo, para dar conta de sua missão o terapeuta deve ser um sujeito competente, estratégico e conhecedor das diferentes teorias e, ao mesmo tempo, flexível para que possa planejar intervenções personalizadas e eficazes para lidar com diferentes contextos, demandando de sua parte, empatia, habilidade e experiência.


POR QUE DEVEMOS ADOTAR A TCC COMO MÉTODO DE ELEIÇÃO
Ainda que outras abordagens possam ser adequadas para as situações trazidas pelos pacientes potenciais existe um conjunto de argumentos válidos para que a TCC seja vista como uma boa alternativa. Com efeito, trata-se de uma terapia breve e eficaz, bem estruturada que, na prática, promove o conhecimento dos padrões mentais e comportamentais dos pacientes e os ajuda a desenvolver habilidades para enfrentar questões atuais e futuras, contribuindo dessa forma para que tenham uma vida emocional mais saudável. Em decorrência da sua estrutura e método a TCC desenvolve a flexibilidade cognitiva permitindo que os indivíduos tenham um maior controle sobre suas emoções e comportamentos, ajudando-os a que administrem seus pensamentos, sentimentos negativos e comportamentos com mais confiança. Ela pode ser utilizada para tratar desde pequenos problemas até distúrbios graves, com resultados relativamente rápidos e duradouros. Além disso é uma abordagem prática proporcionando aos pacientes o desenvolvimento de habilidades concretas para lidar com os desafios e situações estressantes que afetam o seu dia a dia. Ela é eminentemente colaborativa e, nesse contexto, o terapeuta e o paciente trabalham juntos para definir metas e estratégias temporais, o que acaba resultando em menos sessões do que as outras terapias. Na prática o terapeuta interage diretamente com o paciente para que se reconheçam os pensamentos disfuncionais, que se questionem as evidências e que se desenvolvam interpretações alternativas que reduzam a ansiedade, autodepreciação ou outros sintomas da mesma natureza. Com suporte em técnicas comportamentais para modificar ações que reforçam padrões negativos, promovem-se mudanças no modo de pensar e agir. Atuando na interligação entre pensamentos, emoções e comportamentos capacita-se o indivíduo a controlar melhor suas reações emocionais e a enfrentar situações difíceis com equilíbrio e eficácia.

PLANO DE TRABALHO SUGERIDO
A partir dos conceitos acima enunciados pode-se adotar um plano de ações a partir de oito etapas que podem se traduzir em oito ou mais sessões dependendo da motivação e da adesão ao método.
Etapa número 1: Acolhimento: O objetivo é compreender a situação do paciente, o seu contexto de vida e os seus desafios emocionais atuais. As atividades iniciais contemplam uma anamnese focada e a identificação de sintomas e sobrecargas emocionais, discutindo o impacto psicológico das variáveis identificadas.
Etapa número 2: Identificação dos pensamentos disfuncionais: O objetivo é reconhecer os pensamentos automáticos negativos relacionados com os sintomas. A atividade da etapa pode ser a introdução ao conceito de pensamentos automáticos e como eles afetam as emoções. Pode-se propor um diário focando nos pensamentos negativos e nas possíveis alternativas que ensejam.
Etapa número 3: Reestruturação cognitiva: O objetivo é ensinar o paciente que é possível desafiar e substituir os seus pensamentos disfuncionais. A atividade contempla o treinamento na reestruturação cognitiva usando o registro de pensamentos disfuncionais (RPD) e introduzir o conceito da autocompaixão que significa “eu não sou os pensamentos disfuncionais que me afetam” e que esses podem e devem ser modificados.
Etapa número 4: Técnicas de regulação emocional: O objetivo é aprender a lidar com emoções difíceis aceitando-as sem evitá-las. As atividades podem incluir o treinamento de respiração consciente, o “minfdulness” a técnica do observador interno e a discussão sobre como emoções difíceis não definem o valor da pessoa.
Etapa número 5: Gestão do estresse e planejamento do autocuidado: O objetivo é reduzir o estresse através de atividades prazerosas e a redução da baixa autoestima. Introduzir atividades que proporcionam prazer e relaxamento e planejar momentos de autocuidado, mesmo que sejam breves na rotina do paciente e explorar e desafiar as crenças que impedem seu autocuidado. Trabalhar para mudar o conceito que cuidar de mim mesmo é egoísmo
Etapa número 6: Comunicação assertiva e rede de apoio: O objetivo é melhorar a comunicação com parceiros familiares ou de negócios e rede de apoio. Incluir o treinamento na comunicação não violenta (CNV) e simulações práticas de como pedir ajuda e expressar necessidades.
Etapa número 7: Validação: O objetivo é fortalecer a percepção positiva do paciente. Executar exercícios de validação emocional considerando que os erros de percepção sobre situações podem ser mudados. Também é adequado reforçar conquistas e avanços até o momento. É útil redigir um diário de aceitação e gratidão pessoal descrevendo atitudes positivas que o paciente conquistou.
Etapa número 8: Plano de manutenção: O objetivo da etapa é consolidar o aprendizado e planejar como manter o progresso obtido. Passa por revisar os aprendizados das sessões anteriores e identificar as estratégias que mais funcionaram além de construir um plano de manutenção para lidar com desafios futuros. Como tarefa pode-se elaborar um kit de primeiros socorros emocionais, técnicas que funcionaram e pensamentos úteis.
TÉCNICAS DE AJUDA
A TCC ajuda os pacientes através de um amplo conjunto de técnicas. Para apoiar as sessões apresentamos as seguintes alternativas dentre várias outras:
• Exposição gradual: enfrentamento e progressivo das situações que causam ansiedade e medo.
• Relaxamento e técnicas de respiração: utilização da respiração diafragmática para controlar a resposta fisiológica da ansiedade.
• Ativação comportamental: Incentivo. A participação em atividades prazerosas para melhorar o humor.
• Treinamento em habilidades sociais: Atividades para melhorar a interação e a confiança em situações sociais.
• Cartões de enfrentamento: Uso de registros. De respostas racionais para os pensamentos automáticos negativos.
• Diários de autodeclaração positiva: registro de realizações e pontos positivos conquistados voltados para o aumento da autoestima.
• Prevenção de respostas: Identificação de gatilhos que possuem potencial de ativação de comportamentos indesejáveis.
• Automonitoramento: transformação do paciente. Em um pesquisador de si mesmo capaz de analisar e modificar seus próprios comportamentos e reações. O monitoramento das preocupações ajuda a reduzir a ansiedade ao permitir que o paciente identifique e registre de forma detalhada seus pensamentos ansiosos, as situações que os desencadeiam e as emoções associadas. Esse processo aumenta a consciência sobre os padrões de preocupação, possibilitando uma análise mais clara e imparcial dos pensamentos automáticos negativos.

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